Na última quarta-feira (16), foi
lançada, em Brasília-DF, por ocasião do Seminário de Agroecologia, a “CARTA
ABERTA: Por um Semiárido vivo com direito à água e Soberania Alimentar”. Dirigida
à Presidente Dilma Rousseff, foi entregue ao Ministro Patrus Ananias, do Ministério
do Desenvolvimento Agrário, e ao Secretário Geral da Presidência da República,
Ministro Miguel Rossetto. Veja a Carta na íntegra:
CARTA
ABERTA
Por
um Semiárido vivo com direito à água e Soberania Alimentar
Exma. Presidenta da República Federativa
do Brasil
Srª. Dilma Rousseff
“A
luta contra a miséria e a fome tem dupla dimensão: a emergencial e a
estrutural. A articulação entre as duas dimensões é complexa e cheia de
astúcias. Atuar no emergencial sem considerar o estrutural é contribuir para
perpetuar a miséria. Propor o estrutural sem atuar no emergencial é praticar o
cinismo de curto prazo em nome da filantropia de longo prazo”. (Betinho)
Nós, cidadãos e cidadãs, brasileiros e
brasileiras, intelectuais, acadêmicos, artistas, parlamentares, religiosos,
jornalistas e integrantes de movimentos sociais populares, do campo e da
cidade, somos testemunhas dos muitos avanços vividos no Brasil nos últimos
anos, que resultaram na redução de desigualdades sociais e econômicas.
A situação apontada pelo sociólogo
Betinho em relação à seca de 1979 a 1983, onde quase um milhão de pessoas
morreram de sede e de fome, em decorrência da falta de ação do Estado, é uma
realidade distante. O Semiárido de hoje é reconhecido por sua beleza,
resiliência, alta capacidade de inovação e produção de conhecimento e
alimentos. Tudo isso graças à força do povo que vive nessa região, que, com
acesso a uma série de políticas públicas integradas, deu novo rumo à sua
história.
Políticas como o Bolsa Família, o
Crédito, o PAA, o PNAE, o Seguro Safra, o Bolsa Estiagem e o Água para Todos
propiciaram nova condição de vida ao povo do Semiárido. O acesso à água
contribuiu diretamente com a desconstrução da imagem de um Semiárido sem vida e
sem capacidade produtiva. Atualmente, quase um milhão de famílias têm água de
qualidade para beber ao lado de casa, através das cisternas de placas; cerca de
120 mil famílias podem produzir de forma agroecológica, através das diversas 2
tecnologias de armazenamento de água para esse fim, a exemplo das cisternas-calçadão,
barragens subterrâneas, barreiros-trincheiras, entre outras. Foi com a contribuição do Água para Todos
que 40 milhões de pessoas saíram da miséria e da indigência.
E apesar de todas as conquistas, ainda
há muito o que fazer. O Semiárido vive uma das maiores secas dos últimos 60
anos. Por essa razão, neste momento de crise nacional e internacional, ao
fazermos escolhas Sra. Presidenta, é fundamental reconhecer a existência de
grupos sociais historicamente penalizados, e assim, os necessários ajustes não
devem recair sobre eles.
Queremos continuar assistindo à
histórica redução das desigualdades que marcam o País. Não podemos parar, tampouco diminuir o ritmo dessas políticas,
especialmente às responsáveis por garantir soberania alimentar.
Reforçamos nosso apelo à Vossa
Excelência para que não deixe o ajuste fiscal paralisar ações que vêm mudando
radicalmente a paisagem e as faces do Semiárido para melhor e que garantem vida
digna ao seu povo.
Tenha certeza, Senhora Presidenta,
estamos juntos nesta batalha de justiça e dignidade e não aceitaremos nada
menos que a ampliação das políticas que transformam para sempre a vida das
pessoas.
Fome
e miséria nunca mais!!!
15 de agosto de 2015.
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