MATRIMÔNIO 21

Dando continuidade à nossa reflexão sobre a liturgia do Matrimônio, depois do rito da entrega das alianças, encontramos as preces dos fiéis. O Ritual oferece alguns modelos, mas se pode adaptar com outras expressões. Reza-se pelo novo casal, pelos seus pais e parentes, pelos casais presentes à celebração, pelos jovens, para que saibam escolher sua vocação com o Espírito do Senhor, pelos doentes, idosos, os que sofrem, os falecidos das famílias do casal etc. É importante que a oração ‘dos fiéis’ tenha respiro eclesial, e de acordo com o espírito da liturgia da Igreja. Essa oração, quando não segue a celebração eucarística, se conclui com o Pai-nosso.
Em seguida, tem a Bênção nupcial, oração que pertence às mais antigas tradições que, desde os primeiros séculos, marcou a presença da Igreja na celebração do Matrimônio.
Quem preside, convida a assembleia a orar, em silêncio, pelo novo casal que inicia sua vida matrimonial, ‘a fim de que permaneça unido no seu amor’. Durante essa oração, ‘o pai e a mãe dos neo-esposos podem impor as mãos sobre os filhos, em sinal de bênção’. Se for possível, durante a bênção, os esposos se ajoelham.
A bênção nupcial, que começa a se impor desde o século IV, tem raízes no mundo hebraico –como se vê na bênção do livro de Tobias (8,5-8) - e no mundo judeu-cristão. Encontramos numerosos exemplos dessas orações tanto no Ocidente como no Oriente. Todas seguem esse roteiro. Invoca-se o Senhor Deus com alguns títulos; por exemplo, na primeira, que ainda hoje usamos no Rito romano e que pertence aos antigos rituais, diz-se: ‘Ó Deus todo-poderoso, vós criastes todas as coisas e desde o princípio ordenastes o universo; criando o ser humano à vossa imagem, quisestes que a mulher fosse para o homem uma companheira inseparável, de modo a já não serem dois, mas uma só carne’. Outras introduções recordam a bênção divina sobre Adão e Eva ‘que não foi abolida nem pelo castigo do pecado original, nem pela condenação do dilúvio’.
Em seguida, pede-se a Deus que volva ‘o olhar de bondade’ sobre os esposos, e derrame ‘a graça do Espírito Santo, para que, impregnados da vossa caridade, permaneçam fiéis na aliança conjugal’. Orando sobre a esposa, invoca-se que ‘o amor e a paz permaneça no coração dela’ e que ‘busque o exemplo das santas mulheres’ que nas Sagradas Escrituras são apresentadas como modelos. Pede-se que ‘o marido confie nela e a ame com aquele amor que Cristo amou a sua Igreja’. Invoca-se para que os dois ‘permaneçam firmes na fé’, amem os mandamentos do Senhor e sejam sempre fiéis um ao outro, e deem exemplo para todos, ‘verdadeiras testemunhas de Cristo’. A oração termina com o realismo da vida que é passagem: ‘Enfim, após uma vida longa e feliz, alcancem o reino do céu e o convívio dos santos’.
Observemos que essa estrutura de bênção é típica das costumeiras bênçãos que acompanham os vários ritos sacramentais, presentes nos diversos Rituais, e que encontram inspiração nos textos bíblicos do Novo Testamento (ex. Atos 4,24-30; 1Ts 3,12-12; 5,23), como do Antigo (ex. Gn 27,28; 49, 25; Salmo 19/20).

Dom Armando