"Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos,
vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos
com a abundância de suas consolações".
Isaías 66, 10-11
Com a antífona de entrada acima citada,
iniciamos a nossa reflexão sobre as leituras deste Quarto Domingo da Quaresma,
conhecido, também, como domingo Laetare, justamente pela primeira palavra
da qual é composta a antífona de entrada. Esse domingo é marcado pelo júbilo
que brota dos corações dos fiéis que, em meio a esse tempo de conversão,
alegram-se pelas proximidades da Páscoa do Senhor.
A primeira leitura, extraída do Livro de
Josué 5,9a.10-12, gira em torno da “conversão conjunta” de todos os israelitas.
Cumprindo a vontade do Senhor, é concluído o rito de circuncisão, sinal através
do qual o povo passa a pertencer a Deus, sendo, assim, posto um fim ao
“opróbrio do Egito” e iniciada uma vida nova, numa nova terra. A exemplo dos
israelitas, somos, hoje, convidados a nos converter ao Senhor, renovando a
aliança e o compromisso. A conversão assinala o início de um novo tempo, de uma
vida nova, marcada pela relação direta com Deus, livre das amarras do pecado e
da escravidão.
Na segunda leitura, 2Cor 5,17-21, é
claramente expresso o pedido de reconciliação feito por São Paulo à comunidade
de Corinto. Essa reconciliação se dá através da acolhida de Jesus Cristo, pois
é através do Filho que o Pai oferece a reconciliação a toda a humanidade; quem
acolhe Cristo, acolhe a reconciliação. Em sua entrega total, Cristo nos mostra
que a prática do amor é o caminho para a reconciliação com Deus e com os
irmãos.
Chegando ao ponto central de nossa
reflexão, quando já não são os profetas que nos falam, mas o próprio Filho de
Deus, temos a belíssima parábola do Pai Misericordioso, Lc 15,1-3.11-32. Nesse
Evangelho, são enfatizados a misericórdia, o amor e a bondade de Deus Pai, que
ama gratuitamente. Seu amor independe de nossas irresponsabilidades; Ele está
sempre de braços abertos para nos acolher, não num abraço que julga, mas num
abraço misericordioso, que simplesmente ama e, porque ama, não julga. Muitas
vezes, esse amor é incompreendido e questionado, mas cabe a nós, cristãos, a
abertura para essa dinâmica do amor, percebendo que a vontade de Deus é acolher
todos os seus filhos em seu abraço.
Neste Ano da Misericórdia,
somos recordados da infinita bondade e misericórdia de nosso bom Pai, que nos
ama com amor eterno, que não nos condena pelos nossos muitos pecados, mas é um
Deus inclinado a dar o perdão. Seguindo a interpelação de Jesus Cristo, que nos
diz: “sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36),
abramos os nossos corações e sejamos uma Igreja aberta, que acolhe a todos e
que pratica a misericórdia; uma Igreja que mostra a face do Pai, que é o seu
Filho, Jesus Cristo.
Júlio César
2º Teologia