Coincidentemente, a Festa do Nascimento
do profeta João Batista acontece no domingo, Dia do Senhor. O momento é de
lembrança e de memória da vida desse santo, aliás muito popular, na vida do
cristianismo e na tradição do Brasil. Foi um nascimento testemunhado nos
primeiros tempos da Igreja e conservado pela história nos escritos da Sagrada
Escritura. Os pais de João Batista, Zacarias e Isabel, eram já idosos, mas
Deus, numa visão, prometeu-lhes um filho, o filho da velhice. João seria aquele
que deveria prepara o caminho para a realização da Aliança de Deus, em Jesus
Cristo. Isto se deu nos arredores de Jerusalém, tendo João Batista relação com
o ministério de Jesus. O mesmo fato misterioso aconteceu na
vida de Maria, uma jovem da Galileia, temente a Deus, que tinha feito um voto
de esterilidade. Mas Deus lhe fez conceber e dar à luz um filho, concretizando
a Aliança feita com Abraão e agora finalizando com a nova humanidade, com o
nascimento de Jesus Cristo. Na mentalidade do tempo, ser estéril era visto como
desonra e castigo de Deus, uma vergonha (Gn 30, 23). Todas as mulheres deveriam
ser como a terra, aquela que faz germinar a semente. Zacarias e Isabel entendem
que o filho era um dom de Deus, um verdadeiro presente, que nasce com uma
missão em Israel. O acréscimo “batista”, ao nome de João, significa aquele que
batiza, isto é, que batizou Jesus Cristo nas águas do Rio Jordão. Que veio
pedir conversão do povo e mostrar a profunda misericórdia de Deus, diferente
das atitudes praticadas pelo Imperador Herodes, autoridade sem piedade, que
mandou decapitar João na prisão. A presença de João Batista, pela sua
fidelidade e coerência, tornou-se um perigo para as “falsas” autoridades do
tempo. João foi um crítico contundente do poder vigente. Foi esse o real motivo
de sua condenação e martírio. Isto significa que as falsas autoridades têm medo
das palavras do profeta, de quem age defendendo a vida do povo e seus
verdadeiros direitos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
- Arcebispo de Uberaba (MG) -
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