A ATUALIDADE PASSADA NO CRIVO DE AQUINO

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Botticelli. Santo Tomás de Aquino
O livro “A Prudência: a Virtude da Decisão Certa”, que reúne artigos presentes nas questões 47 a 56 da secunda secundae da Suma Teológica, apresenta a prudência e suas características. Após a leitura dessa obra, pus-me a questionar: Qual é, em nossos tempos, a relevância da prudência tomista para a reflexão acerca da reelaboração de uma ética comunitária sem perder o caráter subjetivista?
Antes de adentrarmos nos pormenores do texto base, cabe esclarecer que prudência nos tempos atuais ganhou uma conotação diferente do significado abordado por Tomás. Hoje, o termo foi reduzido a um ato egoísta e talvez medroso. Para o Doctor Angelicus tem um caráter virtuoso próprio do homem que, a partir de um bom uso da razão, faz suas escolhas pautadas num modelo ético.
Outro ponto que devemos abordar é a característica subjetivista presente na sociedade atual. Esse foco no sujeito, herdado da modernidade, traz outro questionamento à tona: é possível fazer um paralelo entre o pensamento de Aquino, marcadamente institucional (coletivo), e o individualismo hodierno?
Diante de tais questionamentos, propus não solucioná-los, mas, ao menos, por em evidência algumas pistas para reflexão, que ajudem a compreender melhor o comportamento do homem de hoje. Desse modo, retornar ao pensamento medieval e entender o significado de ser prudente, torna-se de grande relevância para a reflexão ética do tempo presente.
Tomás de Aquino, na referida obra, apresenta, de forma concisa, as diversas partes da prudência, e, posteriormente, exibe comportamentos que se opõem a ela; porém, alguns que apresentam certas semelhanças com a virtude supracitada. São nítidos, no texto, aspectos de uma ética basicamente teleológica, ou seja, que busca uma finalidade pré-estabelecida.
Todas essas características são encontradas na contemporaneidade (entendendo contemporaneidade como o tempo em que vivemos). Visto que, a ética atual foge dos parâmetros deontológicos (pautados no dever), o que nunca se viveu na prática, e parece regressar à busca de fins que norteiem uma conduta de vida. Ou se pensarmos por outro viés, a moral da “moda” é uma mescla de uma finalidade por dever.
No entanto, os questionamentos acerca da vivência ética na atualidade instiga as reflexões acerca da temática. E outras questões vão surgindo, quanto que o subjetivismo egoísta pode interferir nas decisões éticas? Os diversos tipos de corrupção não teriam origem nessas implicações? Quanto que o eu tem poder de decisão sobre o nós? São interrogações como essas que servem de parâmetros para lampejos de construções éticas que possam solucionar alguns problemas sociopolíticos da atualidade.

Pablo Prado
3º Filosofia