Leituras:
Zacarias 12,10-11;13,1
Salmo 62;
Gálatas 3,26-29;
Lucas 9,18-24
Uma
pergunta chama logo nossa atenção, escutando o Evangelho de hoje: “Quem é Jesus”? Ele mesmo questiona os seus
amigos, perguntando o que o povo diz a respeito dele. As diferentes respostas,
todas ligadas ao passado, demonstram que bem poucos entenderam a novidade que
Deus revela na pessoa de Jesus. Pedro acerta: Tu és o Cristo de Deus, o Messias
esperado.
O
evangelista Lucas conta o acontecido no contexto de Jesus, que estava rezando num lugar retirado. Jesus
sempre é apresentado em oração quando deve fazer ou dizer algo importante e
decisivo para a sua missão. Por isso, a pergunta e a reflexão que segue têm um
valor especial. De fato, é essencial dar uma resposta a essa pergunta. E não
basta responder com fórmulas aprendidas quando crianças. É com a vida que se precisa
responder. Então, “quem é Jesus para mim”? É o centro e a razão de minha vida?
Minhas escolhas são por Ele iluminadas? Inspiro-me na sua Palavra para viver?
Corremos
o perigo de reduzir Jesus a uma personagem idealizada, e seguindo respostas
repetidas, de maneira mecânica, mas que não orientam as escolhas importantes da
vida. Dessa maneira, perdemos a beleza e a alegria de sermos verdadeiros
seguidores de Jesus. O papa Francisco começa sua Exortação ‘A alegria do
Evangelho, com estas palavras: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida
inteira daqueles que se encontram com Jesus... Com Jesus Cristo, renasce sem
cessar a alegria”.
O
apóstolo Paulo entendeu muito bem o que significa ‘pertencer a Cristo’. Ficou louco por Cristo, sua vida se
transformou ao ponto de dizer: “Para mim viver é Cristo”, e torna-se pronto
para doar a vida, com paixão e entusiasmo por Ele e pelo Evangelho. Hoje nos
recorda (II leitura): “Vós todos que
fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo”. Lembra-nos do batismo
que nos tornou novas criaturas, derrubando toda barreira e fazendo de nós todos
uma Comunidade de irmãos e discípulos missionários.
O
ponto alto da mensagem da Palavra deste Domingo é dado pela segunda parte do
Evangelho. Jesus mesmo diz aos seus amigos o que comporta segui-Lo. Antes,
recomenda-lhes severamente para que
não contem a ninguém a respeito de quem Ele é. Isso poderia provocar equívocos,
interpretações parciais ou erradas. E acrescenta: O Filho do Homem deve sofrer muito... ser morto e ressuscitar. Jesus
está preparando seus seguidores para o evento final. A I leitura – um texto complexo da II parte do livro do profeta
Zacarias – fala da dor que se sente pela
morte de um primogênito, orientando-nos na compreensão do que significa a
morte de Jesus.
Seguir
a Jesus comporta renunciar a si mesmos,
tomar a sua cruz cada dia, perder a
vida para salvá-la. Nenhum triunfalismo, sucesso, glória, fama ou poder.
Quem pretende ser de Jesus, não se deixe levar por essas motivações, ficaria
decepcionado. Ele foi muito sincero. Não quer seguidores moles. Ao contrário,
pede que seus discípulos sejam apaixonados por uma vida mais autêntica, responsável,
justa, fraterna, solidária e generosa. A resposta, portanto, é dada não com belas
teorias ou por emocionantes palavras, mas pela vida coerente e fiel, custe o
que custar. Então, como canta o Salmo,
a minh’alma ficará saciada, porque seu amor vale mais do que a vida e com poder sua mão nos sustenta.
Perguntas para a
reflexão pessoal e de grupo: quem é Jesus para mim/nós? O que mais gosto de
Jesus? Desde quando estou ‘apaixonado’ por Ele? Posso dizer, de verdade, que
sou seu discípulo/a? O que estou
disposto a renunciar para segui-Lo? Depois que me encontrei com Jesus (se, de
fato isso aconteceu), o que mudou no meu jeito de ser e nas escolhas
importantes de minha vida?
Dom Armando