1.
É importante lembrar que a forma musical do salmo,
conforme apresentada em nosso Lecionário, é a responsorial, diferente do
estilo antifonal da Liturgia das
Horas. O Salmo Responsorial consiste num refrão, cantado por todos, e estrofes
(divididas em versos/membros), cantadas por um solista. No início do
salmo, o refrão é cantado duas vezes: a primeira vez, apenas pelo solista
(tendo a função de propor a melodia para a assembleia), e a segunda vez
(repetição) já é cantada por toda a assembleia. Entre cada estrofe, e ao
final o refrão, é cantado sempre por toda a assembleia.
2.
As
melodias dos Salmos Responsoriais devem ser sóbrias e orantes, a
fim conduzir toda a assembleia a um mergulho no mistério celebrado.
3.
O
refrão deve ter melodia simples, para que a assembleia possa aprender e
cantar com facilidade. Preferencialmente,
que seja uma melodia silábica, com apenas uma nota por sílaba, sendo admitido
algum pequeno ornamento, porém deve-se pensar sempre no texto. Evitem-se ritmos
complexos ou rápidos e outros elementos que dificultem o cantar da assembleia.
A melodia do refrão não deve ser nem muito aguda nem muito grave e sua tessitura
vocal – a extensão entre a nota mais grave e mais aguda - não supere uma oitava
ou no máximo dez notas. É importante ter um cuidado especial com a tonalidade,
a fim de que favoreça a participação, tanto de vozes femininas, quanto masculinas.
Quanto à participação do coral, a melodia do refrão pode ser cantada pelo
coro, porém nunca sobrepor-se à voz principal que é cantada por uma das vozes
do coro e toda a assembleia. A melodia do refrão priorize o texto literal do
Lecionário, evitando excessivas repetições.
4.
As estrofes (versos): é melhor que sejam cantadas por um
salmista, mas também podem ser cantadas por dois ou mais cantores; porém, é
sempre necessário pensar na primazia e inteligibilidade do texto.
5.
As
estrofes são divididas em versos/membros, podendo cada estrofe ter 2, 3, 4, 5
ou 6 versos/ membros e, no mesmo salmo, podemos ter variações do número de
versos/membros por estrofes, conforme o indicado no Lecionário. Que o desenvolvimento da linha melódica seja
claro para não dificultar a compreensão do texto cantado, e o seu ritmo deve
ser o ritmo do próprio texto, algo como “falar cantando”, não se alongando
demais em determinadas sílabas ou correndo com o texto em outras - estilo recitativo.
6.
O arranjo instrumental deve sóbrio e discreto. Na música
ritual, cada momento exige interpretação própria conforme a ritualidade o
exige. Por exemplo, no Salmo Responsorial os instrumentos quase se
calam. Para o Salmo Responsorial, priorizem-se sons contínuos, que fazem
uma base harmônica de sustentação para a voz que está em primeiro plano. [É
preciso ter muito cuidado e bom senso no uso da percussão. Há diversos momentos
da celebração que a percussão é bem-vinda (abertura, glória, aclamação,
santo...)]. No Salmo Responsorial deve-se primar pela leveza e sobriedade e o
seu volume nunca se sobreponha à voz do salmista e da assembleia.
7.
É importante salientar que as melodias utilizadas para o
Salmo Responsorial geralmente são “melodias-tipo”, ou seja, são esquemas
melódicos que podem ser adaptados ao texto de vários salmos. O melhor
exemplo disso é o que consta nos hinários litúrgicos, onde a mesma
melodia do Salmo Responsorial está presente por várias semanas, com a mudança
apenas do texto semanal.
8. O
salmista necessita ter um mínimo de formação espiritual, litúrgico-musical e
técnica:
a)
Formação espiritual – cultivar o
hábito da leitura orante da primeira leitura e do salmo responsorial; saber
orar com o salmo, saboreá-lo como Palavra de Deus para sua vida atual; saber
cantar de forma orante e postura de quem está em atitude de oração.
b)
Formação bíblico-litúrgica - aprofundar o
sentido literal e cristológico dos salmos; estudar cada salmo em sua relação
com a primeira leitura e com o projeto de salvação de Deus.
c)
Formação
musical -
saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção e até mesmo saber ler uma
partitura simples; aprender as melodias dos Salmos Responsoriais; saber se
entrosar com os instrumentos musicais que acompanham o canto do salmo.
d)
Formação prática - saber
manusear o Lecionário e o Hinário Litúrgico; saber em que momento subir ao
ambão, como se comunicar com a assembleia, como usar o microfone; conhecer os vários
modos de se cantar o salmo.
Comissão Pastoral para a Liturgia
da CNBB – Setor Música e Canto Pastoral