Nas últimas ‘colunas’
refletimos sobre a homilia, isto é, a
conversa feita pelo Presidente da celebração depois da proclamação da Palavra. Hoje
começamos considerar a profissão de fé que a liturgia coloca
em nossos lábios neste momento. Chamamos de Credo ou Símbolo esta grande e antiga oração.
Não é minha intenção
fazer uma leitura teológica dos ‘artigos’ da fé. Isso seria muito importante,
mas demorado e fora da finalidade destas breves considerações litúrgicas.
Perguntemo-nos: como é
que o Credo entrou na celebração
litúrgica e qual o seu sentido? Digo logo que responder não é fácil e demoraria
bastante. Portanto, eis só poucas e simples informações.
O Credo proclama a fé
que a Igreja professou ao longo de sua história. Trata-se do resumo das verdades
que nós professamos e que fundamentam essa fé que recebemos dos apóstolos. O Credo
que, de costume,usamos na celebração da Eucaristia é chamado de apostólico.
Sabemos que não foi elaborado no tempo dos apóstolos, mas reflete o que, desde
o início de sua caminhada, a Igreja acreditou. Todas as gerações que se
sucederam na história da Igreja, proclamam a mesma fé na Trindade santa;
celebram a mesma salvação que recebemos por meio de Jesus Cristo, nosso único
Salvador; testemunham a certeza da presença do divino Espírito que acompanha a
Igreja em sua peregrinação rumo à vida plena e salvação definitiva no fim dos
tempos.
Então, eis que quando
na celebração da Santa Missa, como na celebração do Batismo e da Crisma, fazemos
a profissão da fé, manifestamos nossa união com milhões de irmãos e irmãs que,
ao longo dos séculos e espalhados por toda a terra, se reconhecem e procuram
viver e testemunhar“a mesma fé que da Igreja recebemos e que é razão de alegria
e sustenta a nossa esperança”.
Antes de tudo, a
profissão de fé deve ser ação de graças pelos dons recebidos, como afirma, com
razão, a Instrução Geral do Missal Romano (n. 67): “O símbolo ou profissão de
fé tem como objetivo levar todo o povo reunido a responder à Palavra de Deus
anunciada da sagrada Escritura e explicada pela homilia, bem como, proclamando
a regra da fé por meio de fórmula aprovada para o uso litúrgico, recordar e
professar os grandes mistérios da fé, antes de iniciar sua celebração na Eucaristia”.
Para que este momento
da celebração adquira sentido e valor, é preciso que os fiéis compreendam bem o
que pronunciam, isto é, que recebam adequada catequese a respeito das verdades
da fé, e que interiorizem e personifiquem os seus conteúdos. Somente assim a
ritualidade celebrativa adquirirá sentido e será sinal de vitalidade eclesial.
Por isso, o papa Bento XVI em sua carta Porta
Fidei (coma a qual abriu e orientou o Ano da Fé) insiste na necessidade de conhecer
o Catecismo da Igreja católica com
seus conteúdos e na urgência de compreender que “o primeiro sujeito da fé é a
Igreja”: “Eu creio. Nós cremos”: eu creio a fé da Igreja.
“O ato de proclamar o
‘Credo’ na Assembleia litúrgica, por parte da comunidade celebrante, evidencia
a vontade de expressar que a sua existência se encontra em íntimo contato com a
fonte da história da salvação, isto é, com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A
recitação do Credo põe às claras e demonstra uma vida já imersa em relação
estável com a Trindade que, com sua presença ativa, qualifica o ser dos
cristãos”. O símbolo manifesta nossa
fé no Mistério que a liturgia celebra.
Dom Armando