Nesse
itinerário, ele empreendeu uma brilhante síntese entre os pensamentos
filosófico e teológico, ficando conhecido na história como aquele que
“cristianizou” o platonismo. Por isso, o pensamento de Santo Agostinho propõe
uma acurada reflexão sobre a relação entre fé e razão, apresentando a
conciliação entre estes dois elementos.
Ao
contrário de muitos pensadores daquela época, a preocupação de Santo Agostinho
não estava em estabelecer fronteiras entre a razão e a fé, mas sim mostrar que
ambas deveriam agir de modo conjunto e solidário no esclarecimento da verdade,
que não poderia ser outra além da verdade cristã.
Para
muitos, torna-se difícil a compreensão desse pensamento de Santo Agostinho
justamente pelo fato de terem em mente a ideia de que a fé e a razão tem o seu
próprio caminho para chegar a determinado fim, sendo até mesmo divergentes.
Porém, o Santo explica a colaboração entre fé e razão, relacionando-as do
seguinte modo:
1)
Num primeiro momento, a razão ajuda o homem a alcançar a fé;
2)
Posteriormente, a fé orientará e iluminará a razão;
3)
A razão, por sua vez, contribuirá em seguida para o esclarecimento dos
conteúdos da fé.
Em
suma, partindo de sua própria experiência, Santo Agostinho reconhece que a
razão, por si só, é insuficiente para conduzir o homem à verdade plena. Somente
com a fé tal salto é possível. Ainda assim, a fé não pode prescindir a razão,
pois somente com ela o homem poderá dar maiores esclarecimentos à fé abraçada.
Segundo Santo Agostinho, portanto, a verdade
é única e para esta concorrem todos os meios na busca de alcançá-la. Logo, a fé
e a razão estão voltadas para o conhecimento dessa mesma verdade, que se faz
realidade na contemplação face a face com Deus.
Numa
sociedade como a nossa que muito preza a razão em detrimento da fé, aprendamos
com Santo Agostinho a buscar um equilíbrio sadio entre essas duas dimensões do
saber humano que, em harmonia, podem encher de esperança e sentido a existência
humana.
Júlio César Rocha
3º
Filosofia