A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO

      Depois da Oração Eucarística - momento central da celebração - vamos considerar os ritos de Comunhão.
      A Eucaristia é celebrada para que os fiéis ‘devidamente preparados’ possam receber como ‘alimento espiritual’ o Corpo e Sangue do Senhor (cf. IGMR 80). Os ritos que agora vamos considerar visam, antes, dispor os fiéis e encaminhá-los à Comunhão.
      A Oração do Senhor, o Pai-nosso, abre para este momento. Duas frases, sobretudo, evidenciam o sentido dessa oração, antes da Comunhão. Entre os demais temos os pedidos do pão de cada dia e do perdão dos pecados.
      O clima litúrgico nesta hora deve ser de intensa união com o Senhor e com os irmãos e irmãs orantes. Estamos em atitude de ‘obediência’ ao mandamento do Senhor que nos ensinou a orar e recomendou para que sejamos orantes permanentes (cf. Lc 18,1). O evangelista Mateus, do qual são tiradas as palavras que usamos na oração do Pai-nosso, diz que Jesus recomendou, antes, que o discípulo em sua oração não use ‘muitas palavras’, como fazem os pagãos “que pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras” (Mt 6,7). O nosso, recorda o evangelista, deve ser um diálogo de amor ao Pai que ‘já sabe do que precisamos, antes mesmo do nosso pedir’ (cf. ib.).
      A IGMR (n. 81) escreve: “Na Oração do Senhor pede-se o pão de cada dia, que lembra para os cristãos, antes de tudo, o pão eucarístico, e pede-se a purificação dos pecados, a fim de que as coisas santas sejam verdadeiramente dadas aos santos”.
      Somos todos convidados a orar de pé e com o coração voltado para o alto e, como faz o Presidente, também com as mãos, para expressar melhor esta atitude, como recomenda o apóstolo Paulo (1 Tm 2,8): “Quero, pois, que, em toda parte, os homens orem, erguendo as mãos santas, sem ira nem contendas”. Os gestos do corpo, também expressam a fé e deve existir sintonia entre o que o coração sente e o corpo manifesta.
      Com essas atitudes devemos nos preparar para a Comunhão eucarística. Os ritos que seguem pedem com insistência que a comunhão não seja rito rotineiro, mas expresse a comunhão com o Senhor e os irmãos. Por isso, a necessidade de ser vivida numa disposição interior de perdão: “De fato, diz Jesus, se vós perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará”; e, ainda: “Quando estiveres levando a tua oferenda ao altar e ali te lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então, vai apresentar a tua oferenda” (Mt 5, 23-24).
      Pergunto-me: se pegássemos ao pé da letra essas palavras, será que ficariam muitas pessoas na igreja? E nós temos o coração limpo e em paz com todos para podermos tranquilamente ficar?
      As exigências que Jesus põe para a oração, e ainda mais para a comunhão, devem estimular continuamente uma verdadeira conversão. Pedimos ao Santo Espírito que nos torne dignos desse encontro de fé e de amor com o Senhor e que a comunhão com Ele estimule a nossa comunhão sincera com todos os outros que caminham conosco pelas estradas da vida.

Dom Armando