Continuamos
nossa reflexão sobre a Oração
Eucarística. Vamos analisar aquela que é catalogada como a “quinta”, e que é
própria da nossa Igreja no Brasil. Foi elaborada na ocasião do Congresso
Eucarístico de Manaus - que aconteceu no mês de julho de 1975 - e foi reconhecida
pela Congregação para o Culto divino, em 11 de novembro de 1974. Essa Oração
teve uma longa elaboração, passando por bem sete redações.
Já
vimos que a Oração Eucarística tem uma importância muito grande na profissão da
fé da Igreja; então, cada palavra deve ser bem avaliada para que cada afirmação
esteja de acordo com a fé da Igreja.
Essa
oração nasceu no clima eclesial do Concílio Ecumênico Vaticano II. A atuação da
Reforma litúrgica desejava que o povo cristão pudesse participar de forma mais
consciente e ativa nas celebrações litúrgicas, na fidelidade à Tradição da
Igreja e numa maior aproximação à Palavra de Deus.
O
IX Congresso Eucarístico Nacional de Manaus foi preparado e celebrado num
contexto histórico muito conturbado, com a finalidade – dizia o então arcebispo
Dom João de Souza Lima - de fazer “crescer a região à luz dos princípios do
Evangelho”. A Campanha da Fraternidade daquele ano tinha o tema: “Fraternidade
é repartir”, com o lema: “Repartir o pão”.
Essas
ideias e ideais estão como pano de fundo da nova Oração Eucarística: Pão da
Palavra, Pão da Graça, Pão da Eucaristia enquanto presença, sacrifício e
alimento; Pão da partilha dos bens materiais, como consequência da vida de fé,
amor e justiça. A Oração Eucarística V, portanto, traduz em oração – na grande
Oração da Missa – diferentes anseios pastorais como, na época, se expressavam
os bispos: o Ano Eucarístico Nacional e o Congresso Eucarístico deviam dar um
“valioso impulso à renovação da vida eclesial no Brasil” e ser “um meio de
reflexão e de tomada de consciência, a respeito das grandes metas propostas
pelo Concílio”.
Autor da I redação desta
Oração – que, como vimos, passou por diferentes mudanças – foi o Padre Jocy Rodrigues,
da Arquidiocese de São Luís, no Maranhão.
Analisar
as diferentes expressões da ‘nossa’ Oração Eucarística seria muito demorado e complexo.
Acrescento só poucas observações. Uma principal novidade: foram introduzidas as
aclamações da Assembleia, que – em seguida- tornar-se-ão característica,
também, das demais Orações na Igreja do Brasil.
A
dimensão eclesial é destacada, desde o prefácio: “aqui estamos bem
unidos, louvando e agradecendo com alegria”. É retomada, em seguida: “quando
recebermos pão e vinho, o Corpo e Sangue dele oferecidos, o Espírito nos uma
num só corpo, para sermos um só povo em seu amor”. A Igreja “caminha nas
estradas do mundo rumo ao céu”: une-se dimensão terrena e tensão escatológica; a
Eucaristia que celebramos expressa o desejo de “cada dia renovar a esperança de
chegar junto a vós, na vossa paz”. A plenitude almejada será alcançada quando
chegarmos à vida eterna onde já estão os que “souberam amar Cristo e seus
irmãos”. Enfim, se conclui reconhecendo que somos “povo santo e pecador” e ao
Pai pedimos “força para construirmos juntos o (vosso) reino, que também é nosso”.
Para
os que participam da Eucaristia, essas palavras devem ser um forte estímulo
para abrirem mentes e corações a Deus e se tornarem sempre mais membros vivos
da sua e nossa Igreja.
Dom
Armando