Gn
2,7-9, 3,1-7;
Sl
50(51);
Rm
5,12-19;
Mt
4,1-11
Na vida, tantas vezes, nossas escolhas dependem da voz que escutamos.
Iniciando o tempo da Quaresma é
importante refletir quem estamos seguindo? Quais ‘vozes’ são mais fortes em
nossa consciência? Para os seguidores de Jesus é importante avaliar se a voz do
Pastor orienta a nossa caminhada, as escolhas que fazemos, a meta para a qual
caminhamos. Essa meta é a Páscoa, isto é, o dom total, por amor, que Ele fez e
que nós, orientados pela Palavra e sustentados pela Eucaristia, somos chamados
a repetir.
Hoje a Palavra nos oferece
tantas reflexões nesse sentido. Jesus, começando sua vida missionária, passa 40
dias em retiro, em oração e jejum. Nas três tentações que ele enfrenta, estão resumidas todas as tentações que
o povo de Israel e a humanidade inteira enfrentam. Trata-se da tentação do possuir, do querer dar à vida segurança
procurando-a nos bens materiais. Mas não
basta o pão para encher nossa vida; precisamos dele, mas não é suficiente.
A Palavra de Deus nos abre para horizontes bem mais amplos.
O segundo ataque do tentador, escreve o evangelista Mateus, refere-se à
segurança oferecida pelas práticas religiosas, pela oração, pelos milagres: “Se és
Filho de Deus, lança-te daqui em baixo”. Precisamos fazer atenção: orar não
significa pedir milagres, atender fatos extraordinários, ‘tentar’ Deus com
pedidos absurdos em atitude de cobrança, colocando à prova o mesmo Deus! O
apóstolo Tiago nos diria: “Vocês não obtêm por que pedem mal, para satisfazer suas paixões” (Tg
4,3).
Enfim, a terceira prova, talvez a mais difícil a ser vencida, é a busca
pelo poder: “Eu te darei todos os reinos do mundo e sua glória”. Ajoelhar-se
diante dos poderoso, pedir favores, vender dignidade e liberdade para obter aquele
posto de trabalho, aquela nomeação... é... ‘normal’.
Mas, a qual preço?! Jesus não renuncia à sua liberdade para obter favores e segue pelo
caminho oposto, o caminho de Deus: “Adorarás a o Senhor, teu Deus, e somente a
ele prestarás culto”.
Eis que Jesus age de forma contrária ao primeiro casal; Ele é o homem novo. Enquanto Adão e Eva (I leitura), símbolo da humanidade
frágil e pecadora, sucumbem à tentação, Jesus a vence, confiando somente na
Palavra e mantendo fé nas promessas do Pai.
Agora, porém nos diz Paulo (II
leitura) a justiça divina “de um
só trouxe, para todos os homens a justificação que dá vida”. Portanto, podemos
confiar, de novo, na misericórdia de Deus que, por meio da fidelidade e do amor
do Filho, trouxe à humanidade toda esperança e perdão.
Neste tempo de Quaresma façamos uma avaliação de nossa vida para ver
quais vozes tentam nossa fé e podem
nos desviar do caminho.
Dom Armando