LITURGIA DAS HORAS - I

Em ‘nossa’ coluna litúrgica, quero propor, à atenção dos que a acompanham, a Liturgia das Horas. O documento conciliar Sacrosanctum Concilium (SC) dedica ao assunto o capítulo IV.
Escreve-se: “Na Liturgia Deus fala ao seu povo e... o povo responde a Deus, ora com cânti­cos ora com orações” (SC 33). A oração é, portanto, um modo de responder a Deus que fala.
Jesus permanece o grande Orante que “associa a Si toda a comunidade dos humanos, e une-a consigo na celebração deste divino cântico de louvor” (SC 83). Com essas palavras, SC introduz o assunto da oração denominada de Li­turgia das Horas (LdH). Com ela, Cristo “continua aquela função sacerdotal através de sua Igreja” (ib.), e a Igreja procura por em prática o ensi­namento de seu Mestre: orar sempre, sem jamais esmorecer (Lc 18,1).
Como é bonito ver Comunidades cristãs, formada não só por religiosos e religiosas, mas também por irmãos leigos e leigas que, seguindo o exemplo e os ensinamentos do Senhor, reúnem-se para orar com este livro litúrgico chamado também de OFÍCIO DIVINO.
Na Igreja católica, temos diferentes expressões para orar: novenas e ladainhas, rosário e procissões, pios exercícios e romarias etc. Mas essa oração tem um sentido especial: é oração da Igreja! Com a Liturgia das Horas é a Igreja em oração! Então, sem desmerecer as demais expressões orantes, essa é uma maneira de orar que deve receber sempre maior atenção e compreensão, sobretudo por parte dos católicos mais maduros e conscientes em sua fé.
Com alegria, constato que aumentam os fiéis que oram com o livro litúrgico da Liturgia das Horas, amadurecendo na compreensão dessas expressões litúrgicas. Com certeza, é preciso ter uma ‘iniciação’ para compreender o sentido, a riqueza e a beleza dessa oração eclesial e, por esse motivo, dedicarei vários artigos sobre o assunto. Se alguém estiver interessado e pretende compreender mais, pode escrever pedido maiores informações.  
Essa oração tem uma longa história; é fruto da experiência orante de tantos irmãos e irmãs que nos transmi­tiram o que o Espírito realizou em seus corações. Os mais velhos já ouviram falar e sabem o que é o Breviário: ‘o padre está rezando o seu breviário’, diziam! Trata-se do nome que, até o Concílio, dava-se a este livro que, com o Concílio, recebeu outro nome. Isso aconteceu pelo fato de que a Igreja sen­tiu a necessidade de retomar essa ‘dimensão’ tão significativa de sua vida e refor­mulá-la, com duas atenções: a) fidelidade à sua longa história e experiência, b) fidelidade às situações em que, hoje, as pessoas vivem.
O Oficio Divino é apresentado como ”renovado conforme o decreto do Concílio Vaticano II e promulgado pelo papa Paulo VI” que o apresentou com a Constituição apostólica Laudis canticum (O cântico de louvor. Encontra-se no I volume – dos 4 - da Liturgia das Horas, p. 13-20).
Em seguida, na Introdução, encontramos (páginas 21-100) uma rica INSTRUÇÃO GERAL sobre a LdH, onde se explica o sentido e a estrutura da mesma, com  todas as orientações para o seu uso. A leitura desse texto será muito proveitosa e ajudará na compreensão da riqueza e beleza da ‘Oração da Igreja’. Pessoalmente, considero essa introdução um dos textos mais profundos sobre o que é oração.
Por isso, vale a pena que todos os cristãos procurem compreender – e usar – este livro da Liturgia das Horas para ‘respirar’ com o mesmo respiro de Jesus e da Igreja. Sobretudo, é essencial compreender as motivações, e assim tornar essa expressão orante praxe do Povo de Deus.

Dom Armando