LITURGIA DAS HORAS - III

A reforma do Concílio Vaticano II.  O documento conciliar sobre liturgia, Sacrosanctum Concilium, fala do Ofício Divino no capítulo IV (n. 83 – 10). Antes de tudo, define a identidade dessa Oração da Igreja e dá orientações para a sua reforma e diz que pretende:
a)  Oferecer um fundamento teológico dessa oração. Por isso, determina alguns ele­mentos de grande importância: - que se trata de oração de intercessão (n. 83-84), cuja finalidade é “louvar sem cessar o Senhor e interceder pela salvação de todo o mundo” (n. 83); e, ainda, - que o Ofício divino visa consagrar, pelo louvor a Deus, “todo o curso do dia e da noite” (n. 84).
b)  Realizar uma reforma geral de modo que “na medida do possível, voltem as Ho­ras à realidade do tempo... em consideração às condições da vida hodierna (n. 88)”;
Importante é o destaque dado a respeito do sujeito dessa oração: “É a voz da própria Esposa que fala com o Esposo, ou melhor, é a oração de Cristo, com seu próprio Corpo, ao Pai” (n. 84); também se nem sempre as propostas que seguem são coerentes com este princípio (cf. n. 84.86.87).
Feitas essas premissas, quero evidenciar alguns elementos da Introdução Geral à Liturgia das Horas (IGLH) que, como já observei, constitui uma excelente proposta de reflexão sobre a oração.
Antes de qualquer coisa, aparece com mais clareza a referência à Igreja inteira qual sujeito da oração. As motivações: - o convite de Jesus para a oração sem cessar (cf. n. 3-6); - a participação ao sacerdócio comum de todo o povo de Deus, que torna todos “ap­tos para exercer o culto da Nova Aliança” (n. 7); - a capacidade de significar a na­tureza profunda da Igreja (n. 8; cf. n. 20-27).
Dessa forma, se enriquece o mandato especial de celebrar a Liturgia das Horas por parte dos sacerdotes: - eles têm o dever de convocar e dirigir a oração da comunidade, de convidar os fiéis e formá-los com a devida catequese; ensinando-lhes a dela parti­ciparem de modo a fazerem autêntica oração (n. 23); - eles são garantia “para que esta missão da comunidade seja desempenhada, ao menos por eles de maneira certa e constante, e a oração de Cristo continue sem cessar na Igreja” (n. 28 que cita PO 13).
Concluindo, então, enfatizamos que a Igreja como tal, na multiplicidade de suas expressões locais, é chamada a por o sinal da oração comum. Dessa forma, cumpre-se a exortação do Apóstolo: “Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza habite em vós. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos que o Espírito inspira, pois estais na graça de Deus” (Cl 3,16: cf. n 33). 

Mais uma vez, convido a todos para que conheçam e pratiquem esta oração ‘da Igreja’ e encontrem, a todo dia, momentos propícios para santificar o tempo com a experiência pessoal – melhor eclesial - dessa oração.
                                                                                                                                     Dom Armando