Ap
7,2-4.9-14
Sl
23
1Jo
3,1-3
Mt
5, 1-12a
Podemos atribuir à Solenidade de Todos
os Santos três objetivos essenciais: celebrar todos os Santos canonizados, isto
é, aqueles que a Igreja reconhece oficialmente como modelos de autêntica vida
cristã; celebrar também todos os justos, ou seja, santos não canonizados, de
todos os povos e nações, talvez desconhecidos, mas que igualmente souberam dar
a Deus, em suas vidas, a primazia que lhe é devida; celebrar ainda o chamado
que Deus, o Santo, faz a cada um de nós à santidade: “Sede santos porque eu sou
Santo” (1Pd 1,16).
Nossa
Igreja, desde os primeiros séculos, sempre reservou aos santos, testemunhas de
Jesus Cristo, um lugar e um zelo todo especial: conservação de suas relíquias,
peregrinação aos lugares nos quais morreram, veneração de seus ícones e imagens.
Ora, é cabível que se louve os que “fitaram seus olhos” naquele que é nosso
referencial primeiro: o Filho de Deus, nosso Salvador. Estamos em comunhão: somos
a Igreja peregrinante; Eles, a triunfante. Por isso mesmo intercedem por nós em
nossa caminhada rumo à cidade celeste e nos inspiram.
Parece,
porém, que, de uns tempos para cá, com relação aos santos, o fator intercessão supera o fator inspiração. Busca-se deles favores,
milagres, proteção, e pouco se preocupa em seguir seus exemplos, como se a
santidade fosse algo muito distante e inalcançável, reservado apenas a pessoas
pré-determinadas a serem extraordinárias. Há mesmo quem diga perante exortações
radicais do Evangelho: “Só santo pra conseguir fazer isso!”; ou ainda perante
os feitos de Irmã Dulce ou a coragem dos apóstolos: “jamais conseguiria!”. Será
mesmo impossível ser santo e ser “normal”? Ou talvez se conceba erroneamente o
conceito de santidade? A Palavra de Deus nos ilumina nesse sentido.
O
santo Evangelho nos propõe o caminho das bem-aventuranças. São felizes aqueles
que por sua condição apenas lhes resta a confiança no Senhor ou que têm como
tarefa principal de suas vidas o cumprimento da vontade de Deus pela prática da
justiça. Sua felicidade é, em grande parte, futura, mas também se estende ao
tempo presente. Vivendo os valores do Reino dos Céus aqui e neste momento,
antecipam e compartilham a felicidade que uma forma de vida mais plena com Deus
trará. Deus é a fonte de toda a sua felicidade (cf. Comentário Bíblico. Ed. Loyola, vol. 3).
São
estes os “marcados” do Apocalipse (1ª leitura), que “lavaram e alvejaram suas
roupas no sangue do Cordeiro”, pois “vieram da grande tribulação” (v. 14). Em
outras palavras, quem “combate o bom combate” (2Tm 4,7) da fé, arriscando-se ao
tão exigente e tão nobre desafio de ser autenticamente cristão, apesar das
dolorosas provas e perseguições, assemelhando-se a Jesus, que derramou seu
sangue, tem sua inscrição “no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21,27) e estará
“de pé diante do trono” (v. 9).
O que se revelará no
futuro, de forma plena e perfeita, já que aqui vivemos sob os condicionamentos
do pecado e do mal, é aquilo que desde já o somos: “filhos de Deus”! (2ª
leitura). São João chama isso de “presente de amor” (v. 1). Sim, o Pai nos
concede, por amor, sermos “semelhantes a ele” (v.2) em Jesus Cristo, o Filho
seu Unigênito. E se somos filhos no Filho, amados pelo Pai, a semelhança se dá
em amar como o Filho amou.
O que é ser santo? É
estar em comunhão com Deus. Quando estamos em comunhão com Deus? Quando
seguimos Jesus Cristo, amando na sua medida.
Weverson
Almeida Santos
4º
Ano de teologia