5.
Intervenções
próprias do Presidente
Tarefa própria de quem preside é dirigir a celebração (cf. IGMR 92). A presidência deve ser exercida durante a
celebração toda, com as próprias capacidades, de natureza e de graça[1].
É tarefa altíssima e muito delicada, explicitação da realidade
sacramental dos ministros da Igreja que, pela ordenação sacerdotal, são
configurados a Cristo sacerdote e, portanto, no agir litúrgico são
sinal-memorial de Cristo orante. Como Jesus foi mestre de oração, assim quem
preside uma celebração deve dirigir e animar a oração da Assembleia. Ele não é
o único protagonista da oração, mas o líder sacramental da Igreja em oração,
preposto à Assembleia para tornar atual, no concreto momento celebrativo, o culto
do Cristo total (cf. SC 33). Como ministro da Igreja, ele não ora só para si
mesmo, mas em nome de todos e por / para todos, qual instrumento dócil do
Espírito Santo[2].
Podemos compreender, então, quanto esse serviço é precioso e insubstituível:
orar com a Assembleia, em nome da Assembleia, para a Assembleia.
Alguns elementos exclusivos do Presidente. Antes de tudo
a Oração eucarística (OE), “centro e ápice de toda a celebração, prece de ação
de graças e santificação” (IGMR 78). Ela não é somente oração, mas memorial, isto é, atuação do sacrifício
redentor de Cristo. Suas palavras não só evocam um acontecimento, mas realizam,
no presente, o evento salvífico da morte e ressurreição do Senhor. Por isso,
expressam a mais alta ação de graças
e a mais profunda súplica ao Pai por Cristo no Espírito[3].
O
que se observa da postura de quem preside, vale de maneira especial na Oração
Eucarística que deve ser proferida “em voz alta e distinta” (IGMR 38). De fato,
todos os textos – observa sempre a IGMR – precisam ser proferidos de modo que
“a voz corresponda ao gênero do próprio texto”, como também à forma de
celebração e à solenidade da Assembleia e levando em conta a índole das
diversas línguas e o gênio dos povos.
Por isso, eis algumas observações. A
Oração Eucarística pede um tom pacato, com breves pausas, com voz serena e
intensa, modulada segundo as diferentes partes. As epícleses, por exemplo, são
de tipo invocativo, o conto da instituição é narrativo, a anamnese é de caráter
evocativo, a doxologia é aclamatória. Numa palavra, o Presidente deve dar as
cores ao texto, interpretá-lo, sendo e sentindo-se guia orante da Assembleia, tornando-se voz de Cristo e da Igreja e
não frio ‘pronunciador’ de palavras impostas.
Algumas partes da Oração Eucarística devem ser cantadas
(nas celebrações festivas, ao menos). É o caso da introdução ao prefácio, do
Santo, da doxologia e, se o celebrante tem dom, também o prefácio, o conto da
Instituição. Se for assim, sentida e rezada, essa Oração se torna o que é: o
momento mais alto da celebração, experiência intensa e alegre de fé viva que
estimula os cristãos a entrarem no mistério da fé e no testemunho amoroso da
vida cristã.
Pertencem
ao Presidente também as três orações presidenciais (cf. IGMR 30) colocadas no
final dos três momentos rituais: no início, a oração do dia; na apresentação
dos dons, a oração sobre as oferendas; por fim, a oração depois da Comunhão.
Trata-se de três textos breves, mas densos, que devem ser rezados com calma e
em tom implorante, em nome da Assembleia toda que sentirá as orações como suas,
respondendo o Amém. Cabe também ao sacerdote fazer outras admoestações (cf. IGMR 31-33) e – muito importante – a homilia[4].
Dom
Armando
[1] Para que isso se torne possível não se pode
presidir muitas celebrações no mesmo dia! É humanamente impossível!
[2] Deve procurar ativar uma dúplice
relação, em sentido vertical e horizontal: favorecer o diálogo da Assembleia
com o Senhor e do diálogo – comunhão na Assembleia reunida.
[3] Em IGMR 79 encontramos os principais elementos desta Oração: - Ação de graças, - Santo, -
Epíclese, - a narrativa da Instituição e Consagração, - a Anamnese, - a
Oblação, - as Intercessões, - a Doxologia final. Observamos, mais uma vez, que
esta Prece não é oração particular do sacerdote; ela é presidencial, isto é, o
sujeito é o nós eclesial, por
isso, exige a participação ativa da Assembleia. As respostas próprias das
Orações Eucarísticas na Igreja do Brasil favorecem a participação litúrgica.
[4] Sobre Homilia, ver o que escreve o papa FRANCISCO em Evangelii Gaudium nn. 135-159, muito rico de sugestões e
exigências.