ADVENTO, UM TEMPO NOVO PARA ESPERAR, AVALIAR, ACOLHER, RENOVAR...

No próximo domingo, 30 de novembro, os cristãos católicos que forem à Igreja vão observar algo diferente dos outros domingos. A novidade mais evidente pode-se observar na cor dos paramentos do padre... Ainda têm mais: não se canta o hino de louvor, as orações adquirem um tom mais sóbrio, os cantos tem uma tonalidade própria... Começa o tempo chamado Advento, e com ele, um novo Ano litúrgico. As celebrações da fé visam dispor os corações dos fiéis para a celebração da grande festa do Natal, memória da vinda ao mundo de Jesus, o Filho de Deus.
No âmago da fé cristã, encontra-se um acontecimento, ao qual chamamos de mistério pascal, isto é, a paixão, morte e ressurreição de Jesus. A fé encontra nele sua motivação mais profunda; trata-se da vitória de Jesus sobre a morte; essa é a esperança que acompanha e ilumina a vida dos seguidores de Jesus.
ADVENTO quer dizer ‘vinda’. Alguém, que é o Filho de Deus e Deus plenamente como o Pai, nasce na humildade e fragilidade da carne. Veio ao mundo há muitos anos; mas, a lucidez da fé, permite colher a sua vinda que continua, hoje, de tantas maneiras: na vida dos seus seguidores que sabem acolhê-lo; vem na Palavra anunciada, nos sinais (sacramentos) da fé celebrados, nos pobres e marginalizados: “Tudo o que fizerem a um desses pequeninos, é a mim que o fizeram”. Virá, ainda, no final da história, para apresentar ao Pai o Reino plenamente realizado: então, ‘ Deus será tudo em todos’.
Advento pode ter muitos sentidos. Eis alguns ‘nomes’ com que podemos chamá-lo: tempo para esperar, avaliar, acolher, decidir, servir, renovar, remediar, amar... e muitos mais. Qual dessas palavras você, amigo(a), escolhe para viver e iluminar este tempo?
Se escolher esperar, pergunte-se: o que mais eu espero? Quais sonhos cultivo e o que estou fazendo para que aconteçam? As minhas expectativas têm sentido? Serei mais feliz? Na escuta da Palavra, confira se existe correspondência com a proposta da Palavra de Deus.
Se for avaliar, então, nestes dias, encontre tempo para fazer uma avalição de sua vida, do que está acontecendo, se está aperfeiçoando a qualidade de suas relações e a autenticidade de sua vida.
Talvez, escolheu uma palavra bela e exigente: acolher. Pense: quantas pessoas acolheram a você, desde sua mãe quando soube que estava esperando alguém cujo rosto ainda não conhecia, mas que já amava – às vezes entre dúvidas e anseios. Mas, acolher é gesto de todo dia, em qualquer encontro (ou desencontro). Sim, Advento pode ser tempo precioso para avaliar o jeito de acolher os outros ou de... Evitá-los. Acolher comporta dilatar o coração e ‘fazer espaço’ ao outro. E você – lhe garanto – ficará enriquecido por essa nova presença.
Quem sabe, sua atenção caiu em renovar. O tempo que passa, também se você ainda é jovem, desgasta tantas energias, no íntimo de se mesmos, sobretudo. Advento, então, torna-se convite insistente para renovar e renovar-se. Olhe-se no espelho, observe as atitudes ‘de velhice’ que já aparecem. Chamam-se desânimo, pessimismo, cansaço interior, fuxico, rotina...
A liturgia do Advento começa com um convite: VIGIAI! Pode resumir o que vimos. É convite para acordar, levantar a cabeça, olhar os novos horizontes que no caminho aparecem. Sentir em si os novos apelos da vida, ‘arriscar’ de confiar no Senhor e em suas propostas de vida, sonhar com um estilo mais humano e fraterno de se relacionar... Se for assim, então, Natal não será aquela festa banal com ‘sorrisos de plástico e tanta propaganda, mas um encontro que gerará alegria. Esta será a melhor liturgia. Desejo-lhe, amigo (a), um Advento repleto desse sentido.

Dom Armando