A CELEBRAÇÃO DO BATISMO DE CRIANÇAS - III

Nas reflexões desta “Coluna litúrgica” estou tratando do batismo de criança. Vimos o rito da acolhida do batizando na Igreja e seu sentido. Em seguida, possivelmente em procissão – se o rito de acolhida foi realizado às portas da Igreja – eis que ‘em lugar apropriado’, é proclamada a Palavra de Deus (cf. Ritual: Observações preliminares sobre Iniciação cristã, n. 24).
No Ritual do Batismo (RB) – trata-se do livro que contem as orientações para a celebração - se lê: “A sagrada celebração da Palavra de Deus pretende que, antes da ação do mistério, seja despertada a fé dos pais, dos padrinhos e de todos os presentes” (RB 17). Recomenda-se que, se faça ao menos uma leitura. Melhor seria proclamar, seguindo as propostas do Ritual, uma leitura do Antigo Testamento ou das cartas dos Apóstolos, cantar o Salmo e a aclamação e proclamar o Evangelho, como se faz na celebração da Eucaristia.
A Palavra de Deus sempre oferece preciosos ensinamentos; ela ajuda para entrar num clima de fé, que faz compreender o verdadeiro sentido do que celebramos. As leituras deverão receber adequada explicação na homilia, sóbria e eficaz, e que visa adaptar a Palavra à realidade de cada assembleia e à fé, às vezes fraca, dos presentes. Assim, eis que os ritos, ricos de simbolismo, poderão se tornar mais compreensíveis. Ainda mais que ”na relação entre Palavra e gesto sacramental, mostra-se de forma litúrgica o agir próprio de Deus na história... Com efeito, na história da salvação, não há separação entre o que Deus diz e faz; a sua própria Palavra apresenta-se como viva e eficaz (cf. Hb 4,12)... Na ação litúrgica, vemo-nos colocados diante de sua Palavra que realiza aquilo que diz”, assim escrevia o papa Bento XVI na rica Exortação apostólica sobre a Palavra de Deus, Verbum Domini, 53.
O Papa Francisco, com grande sensibilidade insiste na Exortação apostólica sobre ‘A alegria do Evangelho’, afirmando: “Toda a evangelização está fundada sobre esta palavra escutada, meditada, vivida, celebrada e testemunhada. A Sagrada Escritura é fonte da evangelização. Por isso, é preciso formar-se continuamente na escuta da Palavra”.
Podem bastar estas poucas palavras para destacar quão importante é, na celebração do batismo, viver este momento litúrgico de modo que favoreça a escuta da Palavra e ajude, sobretudo, pais e padrinhos dos batizandos, a se aproximarem ou descobrirem o valor e o sentido da Palavra de Deus na vida cristã, em suas vidas. É pela fé deles e da Comunidade, que a nossa Igreja confere o batismo também às crianças.
Deve ser a Palavra que ilumina e dá sentido e sabor ao rito que celebramos. Com certeza, a Palavra de Deus dá aquela luz que ilumina a vida e ajuda a caminhar segundo o projeto de Jesus; Ela é como um espelho para enxergar melhor o rosto de Deus que deve resplandecer no rosto dos cristãos; Ela faz sentir o apelo de Deus à conversão e compreender a beleza e a responsabilidade do batismo de crianças. Na Palavra se encontra a força para assumir os compromissos que a Igreja aponta, sobretudo aos que vão cuidar da educação e formação, também religiosa e cristã, dessas crianças.
Irmãos e irmãs, se pedirem à Igreja para batizar um filho, preparem-se, já em casa, através da leitura e meditação da Palavra. Assim, encontrarão nela alimento para sua fé e o batismo vai adquirir  o seu sentido verdadeiro.
Dom Armando