LEITURAS:
Ap
11, 19a; 12, 1.3a.10 – 1
Salmo
44
Cor
15, 20-27a
Lc
1, 39-56
Em Maria Deus
assume nossa humana humanidade
Neste
domingo a Igreja celebra o dia da assunção de Nossa Senhora. O catolicismo romano ensina como um dogma que a Virgem Maria "tendo
completado o curso de sua vida terrestre, foi assumida, de corpo e alma, na
glória celeste". Esta doutrina foi definida dogmaticamente pelo papa Pio XII em
1 de novembro de 1950. De lá pra cá a igreja tem intensificado liturgicamente
essa celebração. 15 de Agosto é o dia oficial em que a Igreja celebra a festa
da Assunção, porém, a Igreja do Brasil, exceto nos lugares onde a padroeira é
Nossa Senhora, celebra no domingo mais próximo do dia 15 de Agosto.
“A festa da Assunção de Maria é a
festa da assunção da Igreja. Maria colabora no mistério da redenção,
associando-se a seu Filho (LG 56). Sua assunção é figura do que acontecerá com
todos os seguidores de Jesus no fim dos tempos. Porque Maria não é apenas a
imagem (o reflexo), mas também a imagem típica (o protótipo) da Igreja. A
Igreja deve ser aquilo que Maria é. E, enquanto peregrina neste mundo, a Igreja
tem Maria como um sinal “até que chegue o Dia do Senhor” (LG 68).
A primeira leitura de hoje tirada do livro do Apocalipse traz
no seu simbolismo a imagem de “uma mulher que aparece no céu, revestida do sol
com a lua debaixo dos pés e tendo na cabeça uma coroa de 12 estrelas”. Toda a
leitura é cheia de simbolismos como todo o Apocalipse o é. Essa mulher
representa Nossa Senhora e ela, por sua vez, representa a Igreja. Na leitura
essa mulher é perseguida por um dragão que deseja devorar seu filho. Esta
imagem representa a Igreja perseguida pelo mal presente no mundo que tenta
destruí-la. Porém, a Mulher foge para o deserto, foge do mal que tenta
devorá-la. Essa Mulher, a Igreja e também Maria, traz em si mesma o brilho de
Deus, a divindade que ilumina o mundo e o santifica. Ao mesmo tempo traz em si
a eternidade, pois está acima da lua, isto é, do tempo, e no centro do seu
pensamento, na cabeça, traz todos os povos da terra representados pelas 12
estrelas, que representam as 12 tribos de Israel, isto é, todo o povo de Deus.
O evangelho deste dia fala da grandeza generosa de Maria que
deixa sua casa para visitar a sua prima Isabel. A narrativa do encontro dessas
duas mulheres da Bíblia é muito lindo. Na verdade elas representam os dois
testamentos da Bíblia. O encontro de Maria e Isabel significa o encontro do
Novo com o Antigo testamento. Maria (o Novo) vai ajudar Isabel (o Antigo). As
duas se abraçam e os seus filhos, no ventre, vibram com o encontro. Esta imagem
mostra para nós que os Testamentos se completam, se abraçam e não se opõem. O
encontro dos dois é vibrante porque se reconhecem. Desse encontro nasce uma
vibração alegre de louvor, nasce um grito profético, nasce um cântico de
exaltação a Deus por causa da fé (Bem-aventurada és tu que creste). Maria
exultante glorifica, reconhece Deus como Aquele que realiza a promessa de
salvação, como Aquele que olha com amor para os pequenos, os humildes e
humilhados, os pobres e desvalidos. O grito de Maria é e deve ser o mesmo grito
da Igreja, que por causa da fé louva a Deus que olha para os seus filhos,
preferencialmente, os mais pobres e pelo seu amor, justiça e misericórdia sacia
os famintos e despede os ricos egoístas de mãos vazias.
Desse modo, celebrar a festa da Assunção, para nós católicos
tem um sentido todo particular. Se Deus assume Maria, que é mãe da Igreja, Ele
assume também todos nós os filhos da Igreja, filhos seus. Como Maria, pela fé,
seremos assumidos por Deus. Seremos levados para o céu, como Maria foi levada.
Pelas nossas próprias forças nós não conseguimos e nunca chegaremos. Assunção é
assumir, é Deus assumindo em Maria toda a humanidade, sua criação. Que Maria,
mãe do Livramento e Mãe de todos nós interceda por nós hoje e sempre. Amém.
Pe. Nicivaldo Evangelista
Pároco de Ibitiara