Aprofundando o sentido desta segunda moral, o
escritor francês é bem específico no que se trata desta, pois a verdadeira
moral tem como essência o sentimento do homem, não simplesmente como algo
emocional e passageiro, mas como vivência e concretização das normas obtidas a
partir daqueles que nos propiciam condutas exemplares e dignas de admiração e
de imitação. Para tanto, o autor, descreve esta moral como a da imitação ou
moral aberta, uma vez que tem sua fundamentação no mundo da vida. Ele busca
compreender esta moral aberta através da religião, ou seja, uma nova moral que
busca seu sentido na vida exemplar dos santos (no cristianismo), bem como,
daqueles que nos antecederam e são considerados como referência dessa moral completa
e absoluta.
Esta moral nos é imposta pela metafísica, uma
vez que nos faz compreender as ideias sobre Deus e também sobre o mundo e a
relação de um para com o outro. Tendo culminado no ser humano esta força que é
própria da imitação, a moral aberta sobrepõe a primeira moral – a moral da
obrigação ou fechada – e, em pleno uso da imitação o ser humano, encontra nesta
o pleno gozo que para Bergson encontra o seu ápice no próprio evangelho.
Em suma, o autor quer nos apresentar o Sermão
da Montanha como a representação da moral evangélica, destacando a pessoa de
Jesus Cristo como exemplo a ser imitado pois serviu também como referência de
vida justa e reta no campo da ação, para os grandes místicos que buscaram
deixar para a humanidade o caráter dessa moral aberta. A característica principal
desta moral é que os exemplo não exigem nada daqueles que os seguem, apenas que
abracem a moral que é tida como apelo que perpassa a obrigação social.
Concluindo, as propostas de Henri Bergson
acerca das duas fontes da moral,
podemos dizer que a sociedade é uma comunidade de seres humanos que mantem
entre si uma relação de laços interligados entre seus membros. Esta relação
desempenha uma função entre os indivíduos desta sociedade, proporcionando assim
o ato obrigacional.
Contudo, é de suma importância destacarmos que
essas duas fontes da moral se exercem mediante a vida social, pois a primeira,
enquanto obrigação social, busca dosar as atitudes humanas primando assim, a
organização social, mesmo que esta seja influenciada pelo hábito ou instinto;
já a segunda, busca impregnar no coração do homem o sentimento do amor, e este,
encontra na imitação um modelo a ser vivido.
Sendo assim, Bergson buscou defender nesta obra
não apenas uma face da moral como a mais importante, mas sim, que ambas com
suas características peculiares buscam acrescentar na vivência em sociedade um
sentido lógico e organizado para o existir enquanto seres que buscam razão e
significado para os seus dias, sempre com a preocupação de deixar aos seus
descendentes um primado mais que ideal a ser seguido e que este, o tempo não
seja capaz de apagar ou sucumbir.
Élcio Bonfim
3º Filosofia