O Sinal da Cruz




Começamos hoje uma “Coluna litúrgica” apresentando as conversas que Dom Armando, nosso bispo, faz - a cada quinze dias - na Rádio Milícia da Imaculada (São Paulo).






Queridas e queridos irmãos de fé, com alegria pretendo comunicar com vocês sobre Liturgia .Os assuntos são tantos, e também as dúvidas e perguntas. É meu desejo oferecer só breves reflexões para ajudá-los na melhor vivência da celebração da nossa fé.
Começo apresentando alguns pensamentos a respeito de um gesto que nós, cristãos católicos, repetimos tantas vezes, talvez de forma mecânica e sem muito refletir. Gesto que resume e expressa a fé de forma simples e imediata e, ainda mais, contém como que a nossa humanidade que se abre ao Deus Trindade.
É sobre o sinal da cruz que vamos meditar. Desde crianças o aprendemos, ao menos os que nascem e crescem em famílias cristãs e onde os pais se preocupam em ensiná-lo aos filhos.
Fazendo este sinal, nós traçamos uma cruz sobre nosso corpo. A cruz foi instrumento de morte, vergonhoso e terrível. Ao ponto que, no Antigo Testamento, como são Paulo lembra escrevendo aos Gálatas, afirma-se: “Maldito todo aquele que é suspenso no madeiro” (Dt 21,33= Gál 3,13).
A cruz, porém, com a vitória de Cristo sobre a morte, tornou-se ‘causa de salvação’. Então, fazer o sinal da cruz significa lembrar-se de Jesus, nosso Senhor e Salvador, que com sua morte e ressurreição, abriu-nos o caminho para a vida. Enquanto traçamos o sinal da Cruz, nós invocamos os nomes das Três pessoas da SS. Trindade: Pai e Filho e Espírito Santo.
Os dois mistérios fundamentais da fé cristã são, deste modo, professados: a identidade de nosso Deus que é família e vive num amplexo de indizível amor, e a Encarnação, paixão e morte de Jesus, o Filho amado que por nós morreu numa cruz. Num simples gesto e poucas palavras manifestamos o sentido de nossa fé e a esperança que anima e ilumina nossa vida.
Podemos observar, ainda, que os nossos gestos externos têm um sentido antropológico muito rico. Colocamos nossos dedos, antes de tudo, na testa e dizemos: “Em nome do Pai”. A anatomia do corpo humano nos diz que na altura da fronte, lá no centro, temos uma glândula chamada de hipófise, que determina o desenvolvimento humano e que podemos chamar de centro da vida. O Pai é, pela nossa fé, a origem de tudo, o centro vital do universo.
Enquanto dizemos (em nome) do Filho, nossa mão toca no peito, à altura do coração: outro centro vital que em muitas culturas é o símbolo do amor. Pela nossa fé, é Jesus Cristo o amor visível do Pai invisível, Aquele que tanto nos amou e deu sua vida por amor; é o Sagrado Coração de Cristo que desperta amor naqueles que têm fé.
Enfim, nossa mão toca os ombros e diz (em nome) do Espírito Santo: o Espírito é a vida íntima de Deus e, ao mesmo tempo, o missionário do Pai e de Jesus que acompanha a vida e caminhada da Igreja, conduzindo-a para a missão. O Divino Espírito abre a Igreja toda, e, nela, cada discípulo(a), para a missão. O gesto externo manifesta o sentido profundo da fé na força transformadora e na abertura missionária que o Espírito opera e sustenta.
À luz dessas essenciais considerações, possamos fazer com maior compreensão e intensa fé este gesto tão singelo e tão rico de sentido: Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. 
                                                                                                                      Dom Armando Bucciol