Saudação do Presidente

Na minha primeira reflexão, conversei a respeito do sentido profundo do sinal da cruz. Nós, cristãos católicos, repetimos, desde pequenos, muitas vezes ao dia, este sinal de fé que resume e expressa a nossa fé na Trindade santa - o nosso Deus - e em Jesus, o nosso único Senhor, que nos salvou pela sua morte e ressurreição.
Começando a celebração, aquele que a preside, dá a sua saudação.
O presidente da celebração, seja bispo, padre ou ministro leigo, saúda a assembleia reunida, com um gesto e algumas palavras, isto é, abre os braços em sinal de acolhida e diz algumas palavras de saudação inspiradas na Palavra de Deus. Este gesto é muito antigo, como testemunha Santo Agostinho no início do V século, que escreve: “Entrei... saudei o povo e as sagradas escrituras foram lidas” (A Cidade de Deus 22,8). 
A Instrução Geral do Missal Romano, isto é, a rica introdução ao Missal, escreve que a saudação inicial “expressa à comunidade reunida a presença do Senhor. Esta saudação e a resposta do povo exprimem o mistério da Igreja reunida” (n. 50).
Observamos que a saudação não deve se tornar gesto formal, algo só ritual. Como todo gesto litúrgico, deve sair de dentro, ser verdadeira expressão de acolhida que favoreça um clima acolhedor e orante da assembleia toda. Lembremos que cada assembleia que se reúne no nome do Senhor, é singular. É sinal da Igreja inteira reunida pelo Espírito, no nome do Senhor Jesus, para louvar e agradecer ao Pai que tanto nos amou.
Quando preside um ministro ordenado, ele diz: “O Senhor esteja convosco”; de fato, neste momento, ele age “em lugar e na pessoa de Cristo”. É Cristo quem acolhe e reúne o seu Povo em assembleia santa. Quem preside, então, deve ter consciência desse papel tão importante.
No Missal, encontramos diferentes fórmulas de saudação, e a edição brasileira do mesmo acrescentou mais quatro às três do Missal romano. Analisando os outros livros litúrgicos, encontramos certa variedade de expressões. Por exemplo, no Rito de Iniciação Cristã de Adultos se lê: “O Presidente saúda cordialmente os candidatos. Dirigindo-se a eles e a todos os presentes, expressa a alegria e a ação de graças da Igreja” (RICA 74 e 246); no Rito da penitência se recomenda que o sacerdote “receba o penitente com benevolência e o saúde amavelmente” (RP 41).
Essas expressões manifestam o sentido profundo da acolhida que deve caracterizar nossas reuniões de cristãos. O exemplo do Presidente deve envolver todos os demais desde o início. Se a assembleia reunida tem consciência do que ela é, e do que significa sua reunião, eis que gestos e atitudes devem ser coerentes e gerar no mais íntimo, com a força do divino Espírito, sentimentos capazes de nos converter e nos tornar mais amáveis, fraternos e solidários.
Trata-se, de fato, das notas características do ‘ser Igreja’ e isso deve aparecer desde o início.
Irmãos e irmãs, quando forem à Igreja – seja ela a Catedral ou uma simples capela de periferia ou do interior - quando a assembleia se reúne ‘no nome do Senhor’, com esse espírito e essa espiritualidade, procurem se dispor para tornar mais belas e autênticas suas assembleias. Isso lhes desejo, e por isso continuarei orando por cada um(a) de vocês.
Dom Armando
Bispo Diocesano