A HOMILIA I

Em nossas reflexões sobre celebração da Santa Missa chegamos à homilia, assunto sobre o qual dedicaremos algumas ‘colunas’. Antes de tudo, perguntamo-nos: o que é homilia? A palavra, de origem grega, significa conversa familiar. Ela faz parte integrante da Liturgia da Palavra e serve de ligação entre a Palavra proclamada e a Liturgia eucarística para a qual conduz.
Falamos em homilia e não em sermão. Talvez, parte do povo goste mais ouvir um sermão do que acompanhar uma homilia. De fato, encontram-se pessoas que afirmam gostar quando opregador fala num alto tom, chama a atenção do povo sobre aspectos morais e o coloca no rumo certo.
Mas, o estilo de comunicação do homiliasta (aquele que faz a homilia) deve sermais dialogante, sereno e claro, ligado à Palavra. Deve ser a Palavra de Deus que fala às mentes e aos corações das pessoas. Neste sentido, a homilia não é só explicação do texto bíblico, não é catequese nem discurso moral e, ainda menos, desabafo pessoal de quem a faz.
A Palavra na Liturgia é um pouco de tudo isso, mas tem uma identidade própria: ela deve fazer com que o texto bíblico fale no hoje das pessoas, mostre que continua em nosso hoje a mesma história de salvação que Deus preparou, que em Jesus teve seu ponto culminante e continua em nossa vida pela atuação do Espírito Santo. Essa Palavra, viva e eficaz, que corta até o profundo do coração, torna-se evento de salvação para os que a escutam em atitude sincera, disponíveispara acolhê-la.
A constituição Sacrosanctum Concilium (n. 7) afirma: “Cristo está presente na sua Palavra, quando na Igreja se lê e comenta a Escritura”. Logo vem à nossa mente a cena dos discípulos de Emaús. Jesus, em pessoa, faza homilia caminhando com os dois até Emaús. Ele ensina a ver os acontecimentos à luz da ressurreição, ajuda a interpretá-los da maneira que deem sentido a tudo o que acontece hoje. Jesus faz arder o coração dos discípulos e eles, aos poucos, entendem o que, no início, parecia escuro e absurdo ao ponto que, desesperados, estavam abandonando a caminhada com Jesus.
A toda escuta da Palavra deve acontecer que os corações ardem, as mentes ficam iluminadas e desabrocha renovado vigor na fidelidade a Jesus Cristo; a Palavra é força que abre as pessoas para acolherem a vida com seus desafios e nova energia para anunciarem a todos o que vimos e ouvimos.
Ao seu povo, Israel, Deus disse: “Hoje, se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade exclusiva dentre todos os povos”. O povo, com firmeza e prontidão, respondeu: “Faremos tudo o que o Senhor falou” (Ex 19,7-8).
Eis, então, que o homiliasta deve fazer de tudo para tornar a homilia momento forte no diálogo com o Senhor, à luz da Palavra; os ‘ouvintes’, também, devem fazer sua parte, tendo bastante disponibilidade para acolherem a mensagem.

Dom Armando