LITURGIA DAS HORAS - V

Depois de ter visto o sentido da oração da Liturgia das Horas e as partes principais - Laudes e Vésperas - vamos examinar as outras partes que a compõem.
a) Antes de tudo, lembramos do Ofício das Leituras. A Instrução Geral (n. 55) diz: “quer apresentar ao Povo de Deus, mui especialmente aos que de modo peculiar estão consagrados ao Senhor, meditação mais substanciosa da Sagrada Es­critura e as melhores páginas de autores espirituais”. A Liturgia das Horas é oração que educa, também, para que encontremos palavras certas que expressem a nossa oração. Continua a Instrução Geral (n. 56): “A oração deve acompanhar a leitura da Sagrada Escritura, para que se estabeleça o diálogo entre Deus e o ser humano, pois ‘a Ele falamos quando oramos, a Ele escutamos quando lemos os oráculos divinos’ (Santo Ambrósio)”.
De fato, esse momento é muito importante para quem quer rezar. Lendo a Pala­vra, eu sou convidado a torná-la oração em meu coração e na minha vida. Essa es­cuta orante da Palavra de Deus, esse deixar-se compenetrar pela Palavra é chamado, pela Tradição da Igreja, sobretudo pelos monges, de lectio divina (leitura orante). É algo que pertence à Igreja toda; é condição indispensável para que a Palavra de Deus frutifique em nós.
Os últimos documentos dos papas (Bento XVI e Francisco) e, também, dos Bispos, insistem para que os cristãos usem a Palavra de Deus e a tornem oração. Essa parte da Liturgia das Horas é uma oportunidade preciosa para ensinar a orar com a Palavra. 
b) Outro momento dessa Liturgia é a chamada de Hora médiaCompreende a Oração das Nove horas (Terça), das Doze (Sexta) e das Quinze horas (Nona). Essas orações, distribuídas ao longo do dia, provêm da Tradição, assim como lembra Instrução Geral. Ao n. 74 se escreve: “Seguindo antiquíssima Tradição, os cristãos costumavam, por devoção pessoal, orar em diversos momentos do dia e no meio do trabalho, imitando a Igreja Apostólica. No decurso dos tempos, essa Tradição, de diversas maneiras, foi sendo dotada de celebrações litúrgicas”. Essas horas (n. 75) “se relacionavam com acontecimentos da paixão do Senhor e da pregação inicial do Evangelho”.
Jesus recomendava que ‘devemos orar sem cessar’. Eis que, a Comunidade cristão, desde o início, assumiu com rigor e fidelidade o convite do Senhor e organizou a sua oração ‘oficial’ propondo esses momentos orantes, para que o tempo todo seja santificado pela oração em união ao mesmo Senhor.
c) Enfim, temos as Completas: “são a última oração do dia, e se rezam antes do des­canso noturno” (ib. 84; cf. Sacrosanctum Concilium 84). Os salmos dessa oração são escolhidos para que “movem à confiança no Senhor” (ib. 88).
Assim, o tempo todo, sobretudo quando as dificuldades podem aumentar e o cansaço tomar conta de nós, a Igreja convida seus filhos e filhas a se colocarem em diálogo orante e confiante com o seu Senhor.
Desejo que os cristãos todos compreendam sempre mais o sentido dessa oração litúrgica e eclesial, para valorizá-la e usá-la, em sua oração pessoal e nos encontros das Comunidades.

Dom Armando