A CURA DA SOGRA DE PEDRO |
LEITURAS:
Jó 7,1-4.6-7;
Salmo 146
1 Cor 9,16-19.22-23
Mc 1,29-39
Hoje o Evangelho nos apresenta Jesus que cura os doentes ‘de diversas
doenças’ e os ‘possuídos pelo demônio’; e Jesus que, ‘de madrugada, quando
ainda estava escuro, se levanta para rezar num lugar solitário’.
Jesus começa curando a
sogra de Pedro, que ‘estava de cama, com febre’. Um gesto em aparência simples;
mas, a febre pode levar a algo pior, até a morte, se não for curada. A febre,
também, como as demais doenças, era considerada pelo povo como obra do demônio.
Portanto, Jesus demonstra possuir uma força maior, e que Ele veio para lutar
contra tudo o que amarra o ser humano e lhe tira a liberdade. Enfim, observamos
que, curada, a sogra de Pedro se levanta ‘para servi-los’.
É-nos dada uma mensagem importante: cuidado com as ‘pequenas
febres espirituais’! Podem levar a algo pior, procurem logo a cura. A
demonstração que fomos curados está na disponibilidade em servir! As curas que
Jesus realiza seguem este modelo’: curados e libertos do poder do diabo – isto
é, de toda forma de egoísmo e orgulho, de ganância, maldade, paixões
desordenadas etc. – teremos a capacidade de amar e servir! Jesus veio para
isso. Desse modo, estaremos disponíveis, também, para ‘contemplar’, isto é, para
a verdadeira oração, com disposição interior ao diálogo com o Senhor, para
agradecê-Lo e louvá-Lo.
Jesus, de verdade, é para nós admirável exemplo de oração e de
comunhão com o Pai! Depois de um dia de intenso trabalho, de luta contra o mal
e de anúncio da Palavra, Ele se entrega à oração. A oração acompanha a vida de
Jesus, é como a força em seu caminho de evangelizador. Ele não para em sua missão.
Não se deixa iludir pelo sucesso – ‘todos estão te procurando’! O anseio de
‘pregar é a razão profunda de sua vida: “Vamos a outros lugares, às aldeias da
redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”.
À luz dessa atitude de Jesus e de seu ensinamento, compreendemos,
agora, a mensagem das outras duas leituras. Jó (I leitura) nos lembra que a vida humana sobre a terra é ‘uma luta’
e ‘apenas um sopro’. É bom relembrar essa verdade tão óbvia e tão... esquecida.
Jó observa - e nós com ele: “Meus dias correm mais rápido do que a lançadeira
do tear e se consomem sem esperança”.
O apóstolo Paulo (II leitura) sente “a necessidade de pregar o Evangelho” a tal
ponto que diz: “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho”! A alegria de anunciar
o evangelho o ‘impulsiona’ (2 Cor 5,14), é a razão de sua vida. Recordemos as
palavras do papa Francisco no início de sua Exortação: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles
que se encontram com Jesus”. A missão não é fácil! Somente uma sincera e
profunda união de amor com Jesus pode sustentar e dar ânimo para prosseguir constantemente
na caminhada. Paulo acrescenta: “Assim, livre em relação a todos, eu me tornei
escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível... Por causa do
evangelho eu faço tudo, para ter parte nele”: palavras bonitas que revelam a convicção
profunda que animava o apóstolo, que deve sustentar todo missionário do
evangelho. De fato, nessas palavras, encontra-se inspiração para partilhar a
alegria da missão.
Pedimos ao Senhor, que em seu amor de Pai se aproxima do
sofrimento de todos, para que nos torne fortes e corajosos nas provações da
vida e, seguindo o exemplo de Jesus, saibamos partilhar o mistério da dor,
iluminados pela Esperança.
Perguntemo-nos: como passamos os nossos dias? Desperdiçamos o nosso tempo em algo
banal, fútil ou, pior, que prejudica a nós mesmos e aos outros? Somos
‘deprimidos’ espiritualmente, fechados numa visão só negativa ou mesquinha da
vida? Curados pelos sinais da fé, sentimos em nós o desejo e assumimos o
compromisso de evangelizar com alegria e coragem?
Dom Armando