LEITURAS
Ap
11, 19;12,1.3-.10;
Sl
45/44;
1
Cor 15,20-27;
Lc
1,39-56.
Celebrar a
solenidade de Nossa Senhora, tornou-se
uma preciosa e bonita oportunidade para manifestar e fortalecer nossa
fé e a esperança que nos sustenta; assim, podemos reafirmar as convicções que
iluminam nossa caminhada cristã e a pertença à Igreja Católica.
A Palavra de Deus é
sempre rica de ensinamentos e propostas de vida. Quero destacar algumas
palavras.
O apóstolo Paulo, na II leitura, escreve: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram... Em Cristo, todos reviverão... O último inimigo a ser destruído é a morte.
O apóstolo Paulo, na II leitura, escreve: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram... Em Cristo, todos reviverão... O último inimigo a ser destruído é a morte.
O sentido profundo da
nossa fé e do amor a Jesus Cristo está nessa esperança que ilumina a
história da humanidade. A morte foi derrotada pelo autor da vida. A humanidade,
apesar das inúmeras contradições e desafios, caminha rumo à plenitude da vida:
esse é projeto de Deus, o autor da Vida!
O texto de Apocalipse na I
leitura , deve ser lido e compreendido nesse sentido: Deus acompanha a
história da humanidade e, apesar das forças de morte que ameaçam a existência
dos seus filhos e filhas, fará triunfar a vida.
O livro do Apocalipse apresenta
o que acontece no céu como modelo do que vai acontecer na terra. Lá no céu, a mulher,
símbolo da Vida que vem de Deus, já venceu o Dragão, símbolo de todas as forças
que ameaçam a vida. Por isso, os que seguem o Cristo ressuscitado, não devem
temer; a vitória será dos que amam e defendem a vida. Agora, realizou-se a
salvação, a força e a realeza do nosso Deus. A luta é dura, difícil; as forças
contra a vida são poderosas, o dragão – símbolo último do império romano que
perseguia os cristãos – tem poder de matar e causar tantos sofrimentos; mas,
seu poder é limitado. Lá no céu, já aconteceu a vitória da mulher vestida
de sol; portanto, não tenham medo os que estão sendo perseguidos: em breve, sua
salvação acontecerá. Eis a razão e o fundamento da esperança.
A mensagem vale para
todos os tempos. É mensagem de esperança que deve orientar a vida dos que são
perseguidos por serem defensores da vida plena para todos, que sonham e se
empenham a favor de um mundo justo e fraterno, por serem seguidores de Jesus.
Maria, a mãe do Senhor
Jesus, é exemplo de tudo isso. Ela foi a primeira cristã, a mais fiel seguidora
do Filho. Ela, a Igreja contempla na glória, isto é, na plena realização do
projeto de Deus. Ela é a razão da nossa esperança. Por isso, na oração
após a comunhão, pedimos que “pela intercessão da Virgem Maria, cheguemos à
glória da ressurreição”.
No Evangelho,
ouvimos o diálogo das duas mulheres, das duas grávidas. Isabel e Maria. Um
diálogo bonito, repleto de esperança e de profundas convicções de fé na força
transformadora de Deus. O Deus que ama os pequenos, que defende a vida, e se
coloca do lado dos pobres, derrubando de seus tronos orgulhosos e poderosos.
Acompanhemos a
caminhada de Maria para ver o que Ela tem a nos ensinar, para sermos,
hoje, fiéis discípulos e, como ela, missionários do Senhor.
Maria partiu... Para
seguir Jesus, é preciso partir, deixar, arriscar viagens que não sabemos
para onde nos levam. Na vida, devemos aprender a partir, a deixar... Um dia,
todos deveremos partir para uma terra desconhecida. Porém, já sabemos que é a nossa
pátria no céu. Maria já chegou lá. No prefácio, se diz “que Maria é Aurora e esplendor da
Igreja triunfante”; “consolo e esperança para o vosso povo ainda em caminho”.
Neste tempo da vida
sobre a terra, “o cristão se coloca na escuta do Espírito e se percebe enviado
à edificação da comunidade e à transformação do mundo como lugar do Reino de
Deus, já iniciado, até a sua consumação definitiva” (Cristãos leigos na Igreja
e na sociedade, documento 105, n. 132).
Olhando para o céu,
temos claras indicações de como viver na terra. Preclaro exemplo é Maria.
Olhando para Ela, torna-se mais claro como viver na terra para sermos
discípulos.
Maria ‘entra na
casa de Zacarias e cumprimenta Isabel’. São gestos que podem parecer expressão
normal de educação. Porém, as palavras de Maria demonstram sua fé e suscitam a
resposta de Isabel: ‘Bendita és tu entre as mulheres... Bem-aventurada aquela
que acreditou’. Poucas palavras para expressar uma atitude de fé e compreender
o sentido da história. A grandeza de Maria é afirmada a partir de uma leitura
de fé. É grande porque acreditou, porque se entregou, alma e corpo, à
presença e à força de Deus. Por isso, explode a alegria e a louvação. Eis a
razão do nosso encontro: com Isabel, louvar e agradecer a Deus pela resposta
corajosa e generosa de Maria.
O passo seguinte, que
cada um/a é chamado a dar, consiste em partir para encontrar. O documento
de Aparecida (n. 548) afirma: “Necessitamos sair ao encontro das pessoas,
das famílias, das comunidades, dos povos para lhes comunicar e compartilhar o
dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de ‘sentido’, de
verdade e de amor, de alegria e de esperança! Não podemos ficar tranquilos em
nossos templos, mas é urgente ir a todas as direções para proclamar que o mal e
a morte não têm a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e
salvos pela vitória pascal do Senhor da história.... Somos testemunhas e
missionários...”.
E o Papa Francisco nos
orienta: “Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para
anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem
demora, sem repugnâncias e sem medo” (EG 23); ainda: “A Igreja ‘em saída’ é uma
Igreja com as portas abertas”. E convida a “sair em direção aos outros para
chegar às periferias humanas” (EG 46). Com o Papa Francisco, este é o meu
desejo e pedido: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus
Cristo... Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada... a uma Igreja
enferma por fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG
49).
Maria canta o
cântico dos que amam o Senhor, dos que foram por Ele escolhidos e tocados no
mais íntimo. Maria reconhece, antes de tudo, que é Ele quem conduz a história
rumo à sua justiça, derrubando tronos e exaltando pequenos. O que o livro do
Apocalipse vislumbra começa, agora, a acontecer. Quem vive iluminado pela
esperança não fica parado, nem anestesiado pelas ilusões deste mundo, mas colhe
um sentido diferente nos acontecimentos e assume uma postura de liberdade
diante dos poderosos, no meio das forças deste mundo. Por isso, canta, como e
com Maria, que proclama: O todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor.
De fato, “A alegria do Evangelho... é uma alegria missionária” (EG 21). Maria
não se exalta a si mesma, mas reconhece nela a ação de Deus, que a chamou e
transformou, e a envia em missão. Esse é o estilo do ser Igreja. Verdadeiro
devoto de Maria é quem vive com essa profunda atitude de amor, doação e em
espírito de humilde serviço. Não é questão de devoção, mas de imitação e
atuação. “O discípulo sabe oferecer a vida inteira e jogá-la até o martírio,
como testemunha de Jesus Cristo” (EG 24).
Irmãos e irmãs, hoje, peço a Nossa Senhora que nos ensine a não ter
medo nem orgulho, e nos inspire para termos força, e sairmos, com e como Ela,
na missão de testemunhar a alegria do Evangelho e as maravilhas que Deus
continua suscitando, onde encontra mentes e corações abertos e disponíveis à
sua ação transformadora. Não tenhamos medo de viver a mensagem do Evangelho,
com pureza de coração e ardor missionário. Assim seja!
Dom Armando